
O Brasil tem todas as cores. Todos os tons que se combinam entre si aqui habitam.
A luz prismada se divide em milhões de afetos.
Em nossas cores habitamos. Nossos tons também são nossa invenção.
As tonalidades nos diferenciam, mas também nos afirmam e na plural diferença nos encontramos.
O Brasil tem todas as cores e cada cor é um Brasil inteiro.

Entre nossos lugares cor de natureza, entregamos ao vento nossas paisagens que nunca se esgotam e arrancam nosso silêncio.
A cor do nosso campo é também nossa cor-memória, pois o sol ilumina as pegadas por onde passamos e nossa ação sobre aquilo que é nosso lugar.
A cor do nosso campo é nossa arqueologia contínua, nossa paisagem construída, nossa cor-ficção.

Somos abstraídos pelo verde do espaço. Talvez pelo fato do verde ter sido por muito tempo nossa morada. Quantos tons de afeto tem o verde? O mar, a selva, o bosque, o parque.
No Brasil o verde nos abraça. Já se perguntou quantos tons de afeto existem? Talvez seja o verde-Brasil que nunca esquecemos e que manda chamar por milhares de quilômetros pela memória afetiva dessa terra onde habitamos e somos então habitados pelo verde-afeto.
Nosso verde é nosso lugar.

Nossa cor é palíndroma. Se saímos do verde-mata atravessamos o campo para chegarmos ao verde-mar. Que pode ser azul. Que é colorido branco-auzl-Iemanjá e caipirinha-biquíni-guarda-sol.
O mar Brasileiro é um lugar-significado. Nosso mar tem cor de poesia e se define pelas palavras que não conseguimos dizer. O mar é nosso sonho-cor que nunca se efetiva, pois é lembrança.

A cidade é nossa cor-criação e tem todos os tons do nosso imaginário — que é infinito, plural e multicolorido. A cor da cidade é nossa cor-gesto. O conjunto de corações pulsantes e desejantes que buscam se traduzir no mar de possibilidades que é a cidade.
Nossa cor-cidade é também cor-ação. A cor da cidade é a transformação contínua.